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Operação “Noakes”, deflagrada pela Polícia Civil (PC), encerrou sua primeira fase na última sexta-feira (20). Ao todo, 10 pessoas foram indiciadas por lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, uso de documento falso, crimes contra a ordem tributária e financeira e organização criminosa. Do total, oito pessoas permanecem presas preventivamente e seis estão foragidas.
A Operação, que teve Araxá como o início das investigações, foi deflagrada em estados de todo o país. Segundo o delegado de trânsito, Renato Alcindo, os trabalhos tiveram início após agentes da PC perceberem irregularidades em três reboques que passavam pela vistoria na cidade. Com a suspeita de fraude e após pesquisas, foram bloqueados cerca de 75 mil veículos bloqueados em cinco estados brasileiros.
“Um esquema milionário descoberto e relacionado com a fraude na emissão e cadastramento desses veículos no sistema nacional, o renavam, e também na emissão de notas fiscais com prejuízos consideráveis para os cofres públicos”, conta Alcino, explicando que a estimativa de evasão fiscal de apenas uma das empresas envolvidas chega a girar em torno de R$ 20 milhões.
Delegado de Trânsito de Araxá, Renato Alcino, explica andamento da operação. Foto: Felipe Madeira/Portal Imbiara
Segundo o delegado, a operação comprovou a suspeita de envolvimento de empresas homologadas pelo Denatran. Dois principais empreendimentos encabeçavam o esquema e utilizavam junto com empresários, cerca de outros 10 estabelecimentos de fachada. “Esse esquema interessa a indivíduos que não tinham autorização e nem conhecimento técnico para a produção desses veículos de reboque e semi-reboque. Isso é uma afronta à segurança viária”, disse Renato Alcino.
Encerrada a primeira fase, a Polícia Civil deverá se concentrar nos desdobramentos, como o levantamento de comparsas e co-autores da prática fraudulenta. Além de Minas Gerais, a Noakes foi deflagrada em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Goiás. A instituição também deverá levantar o deferimento dos prejuízos ao estado em relação a evasão.
Noakes: Descoberta de carimbo falso foi motivo de prisão de líder da polícia nazista na Segunda Guerra Mundial
O nome da operação que verificou fraude na documentação de reboque e semi-reboques em todo o país foi batizada com o nome do agente inglês Sidney Noakes. O britânico participou do cerco que desmascarou o disfarce do chefe da SS (polícia nazista) Heinrich Himmler, utilizado para fugir da Alemanha após derrota na Segunda Guerra Mundial.
Sidney Noakes participou de prisão de interrogatório de oficial de alta patente nazista. Foto: Arquivo/Museu de Inteligência Militar
Himmler foi peça chave para o holocausto que matou mais de seis milhões de judeus e era um dos maiores lideres nazistas após a morte de Hitler. O oficial tentava atravessar a fronteira, tentando se passar por militar de baixa patente, com documento falso que foi interceptado pela equipe de Noakes. Durante a vistoria, foram percebidos carimbos falsos e similaridades em relação à localização registrada nos documentos.
Documento falsificado entregue pela família de Noakes ao governo britânico. Foto: Arquivo/Museu de Inteligência Militar
O oficial se matou durante interrogação com uma cápsula de cianeto que o mesmo levava na boca. O documento falso ficou com Noakes e recentemente foi entregue pela família ao Museu da Inteligência Militar. “A gente homenageia o Noakes, dando ênfase à acuidade e também à sensibilidade dos vistoriadores, pois foi graças a eles que nós despertamos para a estas três primeiras carretinhas e hoje encontramos um esquema de fraude”, finaliza o delegado Renato Alcino.
Lider da polícia nazista e um dos responsaveis pelo holocausto se matou durante interrogatório. Foto: Arquivo/Getty Images