Pelo menos seis dos sete mineiros que morreram durante a operação policial em Varginha, no sul do estado, já tinham antecedentes criminais. Eles são das cidades de Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro.
A TV Globo teve acesso a boletins de ocorrência registrados entre 2011 e 2021 em que os homens aparecem como citados. Na época em que os episódios foram relatados, alguns dos suspeitos ainda eram menores de idade. A reportagem obteve apenas dados dos mortos que são de Minas Gerais (veja lista abaixo).
Até às 18h30 desta terça-feira (2), a Polícia Civil já havia identificado 15 dos 26 corpos.
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública pediram investigação sobre a ação dos policiais. Na operação, nenhum militar ficou ferido.
O Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos de Minas Gerais enviou ofício pedindo explicações para a Ouvidoria da Polícia, para a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) e para a Coordenadoria do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos e de Apoio Comunitário do Ministério Público do Estado de Minas Gerais.
“Chama-nos a atenção o fato de a mídia noticiar um confronto altamente armado no qual uma das partes foi ‘totalmente eliminada'”, diz o ofício.
Artur Fernando Ferreira Rodrigues, 27 anos
Tinha passagens por porte ilegal de arma de fogo e receptação. O nome dele aparece em um boletim de ocorrência da Polícia Rodoviária Federal pelo crime de roubo de carga e caminhões. A ocorrência foi em março de 2021, na BR-262, em Uberaba.
Gilberto de Jesus Dias, 29 anos
Tinha passagens por furto e tráfico de drogas. Em 2014, durante uma abordagem policial, atirou contra militares que participavam da ação por isso tem anotação por tentativa de homicídio. A ocorrência foi registrada na cidade de Coromandel, no Triângulo.
Gleisson Fernando da Silva Morais, 36 anos
Tinha passagens por furto e roubo. Em 2015, Gleison foi preso ao tentar entrar em um supermercado. Ele estava no telhado do estabelecimento quando os militares consegueiram prende-lo. Em 2012, participou do assalto ao prédio da ABZC, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebú, em Uberada. Na época, seis homens armados invadiram o setor financeiro da associação, renderam funcionários e levaram cheques, documentos e celulares.
Itallo Dias Alves, 25 anos
Em 2012, quando era menor de idade, participou de um assalto à mão armada. Tinha várias passagens por dirigir sem carteira de habilitação. Em 2016 se passou por aluno e foi até a Escola Estadual Corina de Oliveira, no Bairro Mercês, em Uberaba, para ameaçar a ex-namorada. “Vou te matar, vou te dar um tiro” foram as ameças que o rapaz disse a vítima no dia em que a ocorrência foi registrada.
Raphael Gonzaga Silva, 27 anos
Tinha passagens por tráfico de drogas e receptação. Em 2012, quando era menor, fez parte de um grupo que tentou arrombar uma casa lotérica no Bairro Luizote de Freitas, em Uberlândia. No mesmo ano, uma pessoa que teve a moto roubada reconheceu Raphael por uma tatuagem que ele tinha na perna.
Thalles Augusto Silva, 32 anos
Em 2012 participou de um roubo a uma loja de material de construção. Ele e um comparsa levaram R$ 13 mil em dinheiro e correntes de ouro de funcionárias do estabelecimento. Os dois foram localizados horas depois do crime. Em 2017, a PM apreendeu com Thalles armas de fogo, entre elas umas pistola calibre 38. Teve passagens pelo sistema prisional.
Os corpos estão no Instituto Médico-Legal Dr. André Roquette, em Belo Horizonte. Eles foram identificados por meio de exame datiloscópico (impressão digital).
A Polícia Civil disse ainda que, além da identificação dos corpos, “desenvolve investigação da vida pregressa dos indivíduos, bem como dos fatos e de suas circunstâncias para possíveis correlações com outros eventos”.
Segundo a Polícia, nenhum dos corpos estava com documentos.